Há apenas alguns anos atrás, os probióticos pareciam ser um conceito estranho e exótico.
Atualmente, as pesquisas sobre esse microbioma são vastas – a ciência nos diz que ter uma diversidade de microrganismos no intestino aumenta a imunidade, digestão e outros aspectos da saúde – e essas bactérias benéficas se tornaram um produto na moda.
Suplementos probióticos fazem parte de uma indústria de $1,7 bilhões de dólares nos EUA hoje em dia, de acordo com a Euromonitor International, e a New Hope Networks projeta que esses valores irão aumentar para $2,5 bilhões até 2018. As empresas estão levando essa tendência para outros pontos também, pela adição de probióticos em seus cafés gelados e alguns alimentos como granola.
Mas uma grande dúvida permanece: será que estes alimentos e bebidas ricos em probióticos efetivamente nos tornam mais saudáveis? Você realmente pode aumentar a sua imunidade, liquidar problemas digestivos e se sentir melhor comendo um lanche que foi reforçado com essas bactérias?
É complicado, diz a Dra. Amy Burkhart, uma médica de medicina integrativa em Napa, Califórnia. “A demanda do Marketing e do consumidor por probióticos estão definitivamente aumentando o consumo desses produtos“, diz ela. “Dito isso, eles podem ter algum benefício – nós só não conhecemos os detalhes, porque a ciência ainda não chegou lá.”
Depende muito do tipo de produto que você compra e também da estirpe/cepa (grupo de descendentes de uma certa espécie) exata do probiótico. Certas estirpes, tais como Lactobacillus e Bifidobacterium, possuem mais pesquisas envolvidas do que outras, e alguns se saem melhores no processamento de alimentos e bebidas.
“Para serem eficazes, os probióticos devem ser resistentes ao calor e com longa durabilidade ou refrigerados e reservados durante o processamento e transporte“, explica Burkhart. Se eles não forem assim, uma boa parte dos – se não todos – probióticos no produto estarão mortos até serem consumidos por você.
Há um probiótico em particular que tem sido bem estudado, é resistente ao calor e tem frequentemente aparecido em novos produtos – uma estirpe de Bacillus coagulans chamada Ganeden BC30. Ao ingerir um alimento ou bebida contendo BC30, a probabilidade é que o probiótico esteja vivo e intacto. No entanto, muitas outras cepas probióticas que são adicionadas à produtos não demonstram essa estabilidade, diz Jeremy Burton, vice-diretor do Centro Canadense de Microbioma Humano e Probióticos.
Mais importante que isso, você também deve levar em consideração se uma bebida ou alimento composto de probióticos é de fato nutritivo. “Será que a adição de uma pequena quantidade de probióticos em uma barra de cereais ou barra de chocolate fazem muito por você? Eu não tenho tanta certeza“, diz Burton. “Se a comida por si só já não é saudável, isso se torna contraditório para a saúde.”
Tudo isso levanta a questão de saber se precisamos de fato de probióticos. Sim, eles ajudam a repovoar boas bactérias no intestino. Já vimos isso acontecer em estudos feitos em pessoas com distúrbios digestivos ou que estivessem tomando antibióticos prejudiciais ao intestino.
E atualmente, especialistas em nutrição suspeitam que a maioria de nós possui um microbioma menos saudável graças às dietas pobres, de modo que os probióticos poderiam certamente ter o potencial de ajudar praticamente qualquer pessoa. Isso é o que pelo menos todas essas empresas de alimentos e bebidas argumentam.
Mas isso é também o que está dividindo os médicos. Alguns, como Burkhart, não veem nenhuma desvantagem real nos suplementos ou alimentos probióticos, exceto pelo seu preço elevado. E já que os probióticos podem ajudar na imunidade e na digestão, eles não veem nenhum dano ao utilizá-los.
Outros médicos não estão tão convencidos. “O grau de evidências não é suficiente para que indivíduos saudáveis, sem quaisquer problemas de saúde ou problemas digestivos invistam em probióticos diários“, diz Dr. KT Park, um gastroenterologista da Stanford University School of Medicine. “Eu sugiro gastar esse dinheiro-extra por mês em uma boa alimentação ao invés de buscar probióticos para uma solução rápida e fácil.”
De acordo com Park, um indivíduo comum poderia melhorar muito a sua saúde gastrointestinal simplesmente deixando de lado alimentos processados e comendo uma grande variedade de vegetais, frutas, grãos, nozes e sementes. “Fibras vegetais servem como combustível para as nossas 100 trilhões de bactérias no intestino“, diz ele. “Fortes evidências sugerem que uma dieta baseada em vegetais pode otimizar o seu perfil de microbiota intestinal, aumentando a diversidade e abundância das boas bactérias.”
Junto com o aumento no consumo de vegetais, você também pode auxiliar o seu microbioma com alimentos fermentados, acrescenta Park. Ou seja, itens à base de vegetais, tais como chucrute, bem como opções de origem animal, como iogurte e kefir.
Além de agirem com os probióticos, alimentos fermentados abastecem os prebióticos, que funcionam basicamente como alimento para as bactérias benéficas existentes. Essa combinação fornece aos alimentos fermentados um potencial verdadeiro para ajudar a manter a sua microbiota saudável – e provavelmente mais do que alguns burritos enriquecidos com probióticos.
A conclusão é que os alimentos e bebidas enriquecidos com probióticos que são de fato saudáveis provavelmente não vão prejudicar muito mais do que a sua carteira – e quem sabe, eles poderão gerar um impulso ao seu microbioma. Mas se você pode obter mais benefícios através de maçãs, espinafre, grãos germinados e iogurte Grego, por que não poupar o seu dinheiro e simplesmente alterar sua dieta?
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Apaixonada por gastronomia e cultura, criei esse site para compartilhar meus conhecimentos e minhas experiências, dicas de alimentação saudável e comportamento alimentar! Atuei por quase 10 anos como nutricionista, e atualmente me dedico a redação desse site, e nas horas vagas, faço artesanato.